sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CLÁSICOS DEL SUSPENSE

CLÁSSICOS DO SUSPENSE

A primeira série de quadrinhos dedicada a gangsters foi CRIME DOES NOT PAY (O Crime Não Compensa), que começou na edição n° 22, em 1942. Começar uma coleção seguindo a numeração de uma publicação cancelada era uma tática habitual, pois assim o editor evitava pagar as tarifas de correios associadas à série. Além de ser a primeira coleção dedicada a crimes, as tiras de jornais já tinham uma grande tradição neste tema com Radio Patrol, Dick Tracy e Rip Kirby. UM mérito acrescentado foi a inclusão da truculência. As histórias eram baseadas em fatos reais bem recentes. O problema é que os quadrinhos de jornais eram respeitadas porque ofereciam histórias para toda a família, “Pogo” e similares para crianças e “Príncipe Valente” e outros heróis para adultos. As revistas de quadrinhos eram, ou se pensava ser, para meninos e adolescentes. Na verdade, muitos adultos também os liam, mas durante muito tempo eles passaram a ser vistos de forma negativa, estigma que dura até hoje.

Desde o princípio teve sucesso inusitado, foi a única revista dedicada a crimes até que em 1948 o mesmo editor, Lev Gledson, com tiragens já estratosféricas de sua primeira série, lançou no mercado CRIME AND PUNISHMENT.

O sucesso de Gledson atraiu outros editores, que começaram a publicar séries similares. Imitados mas não superados. O responsável pela CRIME DOES NOT PAY era Charles Biro, um consumado editor, roteirista, desenhista e capista, que colocou o nível dos quadrinhos lá em cima, com magníficas capas e a inclusão da figura alegórica de “Crimen”, um senhor de bigodes e aparência fantasmagórica que as vezes fazia o papel de anfitrião e narrador. O sucesso deste gênero fez com que as tiragens chegassem a 1.500.000 exemplares.  Aquele ano e o ano seguinte foram os melhores para este gênero. A EC entrou na moda e lançou CRIME PATROL. A série começou como INTERNATIONAL COMICS e sofreu várias mudanças, o mais significativo de todos foi dar origem a TALES FROM THE CRYPT. CRIME PATROL era uma boa série mas não oferecia nada de novo até que apareceu o Guardião da Cripta em suas páginas (mas isso é outra história) e WAR AGAINST CRIME, série também de policiais e ladrões cujo mérito foi mostrar o Guardião da Câmara.

A partir de 1950, os gostos dos leitores variavam e os especialistas dizem que houve uma mudança no gosto das pessoas, coisa plausível. Um político acreditava que os quadrinhos de terror eram os responsáveis por levar a cometerem crimes. Mike Benton, eminência nas histórias em quadrinhos americanos, disse que em 1950 as pessoas passaram a se interessar por quadrinhos de adolescentes e românticos. Pra mim é difícil acreditar que um jovem leitor de crimes mudasse seus hábitos de forma tão radical. Acho que foi mais o desgaste do gênero. Os leitores se cansaram de histórias de Bonnie & Clyde e Os Intocáveis, de Elliot Ness. Além disso, em 1948, em Los Angeles, um menino envenenou uma velha. Havia tirado a idéia de uma HQ. Esse foi o primeiro passo para a criação do Comics Code.

Em 1950 surgiram os anfitriões da EC, com suas irreverentes piadas e suas histórias carregadas de sangue, oferecendo doses mais fortes, nova, original e evasiva, diferente das “já vistas” revistas de ladrões e assaltantes.

Bill Gaines continuou publicando histórias de crimes, mas dentro da recém nascida “new trend” com a nova série CRIME SUSPENSTORIES. Durou 27 números e mostrou um novo ingrediente em relação a CRIME DOES NOT PAY: nas revistas da EC o crime podia ficar sem castigo, um inocente podia pagar as conseqüências por estar no lugar errada na hora errada, e não tinha porque acabar bem. Essa foi a grande abordagem desta série (complementada dois anos depois com SHOCK SUSPENSTORIES).

A equipe de artistas foi a habitual da casa e cabe destacar que a capa do n° 22 (Abril de 1954), obra de Johnny Craig, foi a controvertida imagem de um homem que acabara de cortar a cabeça de uma mulher com um machado.  CRIME SUSPENSTORIES foi vítima não de seu sucesso, como aconteceu com as revistas de terror, mas sim por causa da má propaganda: foram usadas como exemplo na caça às bruxas que os quadrinhos sofreram em 1954.

Nenhum comentário:

Postar um comentário